quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ah, o mau humor matinal...

E aí o Duda acordou, eu já tava pra lá da segunda hora envolvido com – perdão pela ironia/coincidência – a “duração da jornada de trabalho”, quando pedi pra ele falar bom dia.

- Papai, vou tomar o meu gagau (mamadeira em famíliadalaurês), depois eu falo bom dia, não conversa comigo…

E aí eu fiquei pensando nessas pessoas que propagam possuir um mau humor insuportável pela manhã, e de vez em quando dizem “só conversem comigo depois das 10 da manhã”. Ok, beleza, só acho que isso aí não é muito verdade. Ou melhor, funciona só com subalternos ou pessoas na mesma horizontalidade que você, corporativamente falando. Sim, pois se o seu chefe te chamar na sala dele às 8 em ponto, você vai estampar o maior dos sorrisos e emanar simpatia por todos os poros. Sim, tática da sobrevivência, compreendo, eu também faria o mesmo. Mas isso aí desmascara o tal do mau humor matinal, que acaba sendo apenas uma justificativa pra ser escroto.

Sim, é tudo o que a gente quer. Conversar só com quem a gente tá a fim, olhar pra cara só de quem vale a pena e assim por diante. E aí, alguém inventou que esse negózdi mau humor de manhã é quase uma atenuante. É que essas pessoas normalmente são mal humoradas o dia inteiro, mas de manhã parecem ter uma justificativa legal pra exercer a escrotidão.

Por outro lado, sei que vai parecer incoerente mas tudo bem, se existe aquele ser execrável que distribui coices desde o primeiro minuto do dia, qual é a sua necessidade de ir lá exigir dele um “bom dia” de animador de buffet infantil? Pensou nisso?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Autor desconhecido

Essa tal dessa internet é mesmo uma coisa engraçada. Apesar de ser da turma precursora da geração Y, confesso que sou meio "velha" as vezes, e me surpreendo ainda.
Preciso confessar, aprendi hoje, só hoje, o significado da expressão "trollar". E quer saber, nem ligo, sou meio old school mesmo, apesar de hoje em dia ser daquela turma que diz que "trabalha com web". Eu trabalho com ela, mas tô tentando não ser escrava, deixa pelo menos meu vocabulário ainda ser a moda antiga, vai?!
Mas essa internet é tão doida, que troca a personalidades das pessoas de graça. Estou eu vasculhando o Face, quando encontro postado o texto que segue abaixo (genial, aliás), e dizia que a autoria era do Luis Fernando Veríssimo. Oi? Mas eu conheço essa linguagem, e não é a dele!
Obviamente, era da minha "eu versão escritora" Tati Bernardi, li duas linhas e sabia. Mas aí você dá um "google" (olha lá meu vocabulário sendo corrompido!) no texto e tá lá o Luisão, dominando a autoria. E é isso que dá medo. Um texto seu na internet vira sem dono, sem pai, sem mãe. E sabe Deus na mão de quem vai cair... mas eu acho que a gente continua escrevendo só porque gosta de correr um risquinho, né?

By the way, eis o texto. Antigo inclusive, mas oportuno como sempre. Afinal, é da Tati!

"DAR NÃO É FAZER AMOR
Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar

(...)
Experimente ser amado... (Tati Bernardi)"

terça-feira, 5 de julho de 2011

Só para registrar.

Reli agora um texto, do aniversário de 5 anos de morte do meu pai, onde eu recapitulei, todos os momentos que eu lembrava do pré e pós morte dele. Detalhe por detalhe.

E que bom que eu gosto de escrever. Registrar é importante. Hoje fazem nove. E ler é bom pra relembrar, porque esse tipo de experiência não deve ser apagada, por mais dolorida que seja. É bom para relembrar que, por exemplo, eu continuo com a mesma sensação de não saber ao certo se parece que foi ontem, ou se parece que tem muitos e muitos anos. E com o passar do tempo a memória falha, os detalhes se perdem.

É aquele tipo de coisa que dói mas é bom, se é que você me entende. Porque eu li o texto novamente hoje e fiquei feliz. Muito feliz mesmo. Feliz de ler que quem estava lá me apoiando ainda está na minha vida. Feliz de ter sido firme o bastante na época. Feliz porque eu sempre achei meu pai tão, mas tão foda, que eu acho que até a morte foi feita de uma maneira inteligente e pensando sempre em nós, antes dele mesmo (é uma longa teoria, mas que faz sentido). Como sempre foi. Feliz porque se não fosse isso, exatamente naquele momento, o "susto" nunca viria, e eu não teria crescido tão forte. Eu não seria um terço do que eu sou hoje. É meio engraçado alguém ficar feliz em um aniversário de morte.
Mas foi isso que eu fiquei, feliz porque eu tive um pai incrível, que mesmo indo embora logo me fez ser uma pessoa muito melhor.

E é por isso que é importante registrar. Pra não perder. Para saber de onde vem as coisas. E que eu guarde esse texto dos nove anos de morte, para daqui sei lá quantos, eu relembrar que qualquer coisa que eu seja, aconteceu por causa dele.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O melhor dos dois mundos

Terra do Nunca é aquela ilha da história do Peter Pan, um lugar fictício onde as pessoas não envelhecem. Um universo a parte, uma fuga da realidade. Eu costumo acreditar que na nossa vida vira e mexe aparecem umas Terras do Nunca no caminho para nos “enganar”. Seja lá que grupo for, é aquela coisa toda que parece encantadora a ponto de ser muito melhor que o restante todo.

Na Terra do Nunca as coisas são legais e fazem muito bem pro ego, na Terra do Nunca todo mundo é bonito e simpático. E se ama. E fala a verdade. E quer seu bem. A Terra do Nunca sempre é um lugar muito tentador. E emocionante. Afinal, lá você será sempre jovem! Não poderia ter coisa melhor. E de fato é verdade, a Terra do Nunca é sempre um puta lugar legal. Eu já estive por lá, e frequentemente eu volto.

Acontece que o triste é que as vezes as pessoas caem lá e perdem completamente a identidade. Se tornam meros “Nunquistas”, que só falam assuntos nunquistas e tem preocupações nunquistas, como qual a maneira de conquistar mais “barras de ego” (um dos primeiros posts desse blog foi sobre isso, lembram?) ou coisas assim. Aí você se torna um Nunquista legítimo e abandona toda sua “realidade” em prol de não crescer nunca.

Sabe o que acontece? Um dia o Peter Pan enjoa de você e te bota pra fora da Terra. E aí? Aí você perdeu a identidade, a ocupação, todos os amigos, a família, não tem mais assunto pra conversar e descobre que precisa envelhecer, mas ficou tão por fora de tudo isso o tempo todo, que não sabe como. Eis o castigo, ficar no “limbo” do Nunca!

Por isso, é preciso muito controle e sabedoria. É preciso saber transitar nos dois mundos! Pois o Mundo Real não tem tanto glamour e talvez não tanta diversão, mas é REAL. É de carne e osso. Existe. As pessoas envelhecem e mudam de verdade, e acreditem: isso é bom! As pessoas nem sempre são tão legais assim e isso também é bom! Porque é verdadeiro!

O segredo é conseguir ir e voltar dos dois mundos, se manter jovem de espírito e envelhecer de corpo, ao mesmo tempo. Se divertir, ser bonito e glamuroso, mas também ser de verdade e ter defeito. A Terra do Nunca e o Mundo Real quando visitados na freqüência correta, proporcionam pra gente o melhor dos dois mundos!