quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Adolescência Materna

Eis um fenômeno muito comum na atualidade, e em todas as atualidades, de todos os tempos ao que parece. A adolescência materna. Os filhos crescem, tomam o rumo de suas vidas – ou ao menos seguem tentando – e abandonam em casa mães no auge da puberdade da maturidade. Antes dependentes e indefesos, agora sabem o que querem, fazem tatuagens, sexo e ganham o próprio dinheiro. Claro, o vínculo sentimental nunca morre, mas como “bicho homem”, de repente os filhos estão quase equiparados aos pais.
Elas, as mães, ao perceberem que estão perdendo o controle da situação – mesmo que tivessem sido avisadas disso, todos os dias, durante mais ou menos os vinte anos anteriores – começam aquela história de Síndrome do Ninho Vazio e com isso entram em um processo árduo e automático de “adolescentinização”, que pode durar muito mais que uma puberdade “normal”.
Há duas opções comportamentais: As “rebeldes sem causa”, que resolvem ser eternamente jovens e modernas. Se divorciadas, certamente irão fazer uma tatuagem maior que a sua, pintarão o cabelo de loiro platinado ou irão querer pegar os seus amigos. Ou vão até achar os seus amigos velhos demais para elas. Irão para mais baladas que você aos vinte e poucos anos, e acharão o máximo se você for meio porra-louca. Aliás, elas sempre irão querer ser mais que você, parecer mais jovens que você, mais independentes que você. Mostrar que a sua independência será sempre menos livre que a dela. Mas em geral, essas mães têm filhos bastante caseiros, tranquilos, de namoros longos, que não se importam com porra-louquice. Ou filhos “nerds”, que morrerão de vergonha quando estiverem com algum amigo em casa e ela chegar meio bêbada, de make up borrado, com a sandália na mão.
E há as “problemáticas”, tradicionais. Estas, vão se achar feias, gordas, solitárias, etc. Baterão a porta do quarto quando vocês brigarem, quebrarão coisas quando estiverem nervosas, como se estivessem em uma cena de novela (Porque elas acham mesmo que estão). Farão birra, biquinho, beicinho, chorinho – e toda a gama de “inhos” que houver (Muitas vezes você ficará esperando a hora dela “sapatear” ou se jogar no chão, como uma criança mimada). Dirão “Você não me entende! NINGUÉM me entende!”. Acharão que o mundo é uma grande conspiração contra elas. Chorarão pelos motivos mais banais, jogarão a culpa do mundo em você e farão todo tipo de chantagem emocional para conseguir o que querem e/ou te deixar com a sensação de que a culpa é mesmo sua de ter crescido e se tornado independente.
Seja lá por qual adolescência a mãe tenha escolhido passar, o importante é entender que é uma fase – mesmo tendo vontade de torcer os pescoços delas por muitas vezes - e que, na pior das hipóteses, passará quando ela tiver netos. Afinal, alguém voltará a depender dela de alguma forma. Então, se você é filho de uma mãe adolescente, é melhor apressar os bebês da família!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Você não merece, Clarice.

Em tempos de internet para todos, a inteligência tem ficado para poucos, infelizmente. Atualmente eu “trabalho com internet” (acho tão pretensioso falar desse jeito, mas é esse o fato), mais precisamente com mídias sociais (mais pretensioso ainda, mas enfim...), então  também faz parte do meu trabalho ser uma bisbilhoteira profissional do “perfil alheio”.
Em tempo, antes do meu julgamento assumido nos próximos parágrafos: Devo confessar que nunca fui uma conhecedora exímia da literatura em geral. Gosto de leitura fácil e quase “boba”, tenho lá os meus autores – todos contemporâneos – e sou meio “fechada” com eles. Fora essa coisa de ter “fases”: posso matar um livro em uma semana ou carregá-lo na cabeceira por meses ou anos.  Depende do mood.
 Mas eu respeito para cacete quem é “da literatura”, quem manja, quem conhece grandes autores, quem sabe de literatura internacional. Mega respeito. Juro. Só não é para mim, e eu reconheço isso.
Retomando, nessa história de internet, Google, Facebook e tudo mais, estes pobres autores tão inteligentes, tão tradicionais, caem na “boca do povo”, graças ao “escritor” Google. E aí fudeu né, perde-se o controle. Vira festa, vira Brasil. Acabou. (Sim, eu sei que tem até seu valor isso, mas não vamos discutir isso agora, ok?)
 A coisa fica incoerente, quando a pessoa é capaz de redigir um texto escrevendo “concerteza” e “agente” (significando “nós”) ao mesmo tempo em que cita Fernando Pessoa e Dostoievski no seu status.  Pra falar de hoje em dia, esta mesma pessoa atribuir a autoria de um texto da Tati Bernardi ao Pedro Bial ou ao Arnaldo Jabor, só porque deu um “Control+C” errado. 
Quer um conselho? Antes de dar o “Control+V”, pense se você “orna” com a tal frase do citaçõesonline.com, ou se você está mais para recitar algo tipo “Batatinha quando nasce...”
Por que desculpa caro(a) amigo(a) de Facebook, que faz citações inteligentes da Clarice e o escambau, enquanto envia e-mail para um cliente escrevendo “naum”, eu não te respeito.  Nem eles, especialmente os mais renomados e antigos, que devem estar fazendo loopings em seus túmulos a cada ignorante que toma para si suas frases.  
Porque, na boa, a Clarice não merece.