1- A Globeleza. Eu odeio a Globeleza, com aquela dancinha, os braços rodando e o sorriso no rosto... aliás, esse meu bode de SORRISO NO ROSTO deve vir dos professores de aeróbica dos Anos 80, mas é ela aparecer na televisão e me bate uma depressão, uma vontade de entrar pro IRA e explodir coisas, ou virar a Glória Perez e escrever novelas (o que eu acho mais nocivo pra humanidade do que muitos genocidas)... e nem é o caso de desejar a morte dela ou comemorar se ela morrer, como no caso do Rogério Ceni, a Ivete Sangalo, SandyeJúnior, dentre tantos, pois ela não é uma pessoa, é uma entidade, praticamente um monumento à nossa cretinice e mediocridade! A Globeleza aparece todo ano para nos lembrar o quão burros e babacas nós somos, todos nós, os que gostam o carnaval e também os que toleram, pois não fazer nada pra acabar com essa desgraça é uma forma de permitir que ela continue acontecendo.
2- As Músicas. Será que eu preciso esclarecer que não estou me referindo às músicas do Lamartine Babo, as marcinhas, o "se você fosse sincera ooooo aurora"? Ou mesmo os samba enredos BONS do Rio, aqueles do xinxim e acarajé ou o explode coração do Salgueiro, a minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela, tudo isso é muito legal! E meu Deus, sei que sem o carnaval, nós não teríamos a obra magistral que é "Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida", mas for christ sake, todo mundo sabe do que eu tou falando, né? A gente tá falando das, na falta de denominação melhor, MÚSICAS BAIANAS. Sim... e a gente que achava Daniela Mercury um semi-lixo, teve que aturar Ivete Sangalo e Cláudia Leitte pra fechar o caixão! E a coisa piora, de Caralho de Asa de Águia pra Chiclete com Bosta e por aí vai, até chegar em Rebolation e Tchubirabirom, se eu tivesse uma empresa, demitiria quem passa carnaval em Salvador ou participa de algo que tem envolvimento com essas coisas!
3- A Baianização equivocada de tudo. Então, o termo "baianização" aqui não tem nada a ver com a maneira como os paulistanos médios eleitores do Maluf que acham o Kassab massa a utilizam. Aqui, é uma tentativa de mostrar que quando o Caetano fala "a Bahia tem um jeito", ele não tá falando de abadá e pipoca. Porque, graças ao carnaval da Bahia, fica parecendo que é a única coisa que presta na Bahia, coisa equivocada de gente preguiçosa que nunca ouviu João Gilberto ou leu Jorge Amado. Tem gente que não curte Jorge Amado, principalmente quem nunca leu. Eu acho que "Capitães de Areia", "Quincas Berro D'água" e "Velhos Marinheiros" são obras primas da literatura mundial e pronto, minha caixa de e-mails mental rejeitará automaticamente as opiniões contrárias. Sem falar na culinária baiana, disparado a melhor do Brasil. E as praias. Mas experimente, fale Bahia para as pessoas ao seu redor e mais de 50% vai pensar em "tirupéduchão e balança as mãozinhas"...
4- Bailes de carnaval em clube high-society. Eu já falei que no dia em que me tornar Caudilho Supremo e Soberano da Humanidade por la gracia de diós, minha primeira medida será acabar com os bailes do havaí em cidades do interior. E a origem desses bailes patéticos é o baile de carnaval em clube metido a reduto da high-society. Nada é mais deprê. A própria existência desses eventos é deprê, pois membro da high que vai nesses bailes de carnaval é porque tá mal das pernas, bateu uma quebradeira e não conseguiu viajar. E aí, os filhos pentelham, a mulher enche o saco, e o cara vai pro Ipanema/Country/Clube de Campo dar uma satisfação à sociedade. E é uma bosta! As músicas ruins, o babaca que vai fantasiado de Batman, os bloquinhos com camisetas e frases ridículas, o cunhado que arruma briga com o pessoal do Jiu Jitsu, o pessoal do jiu jitsu dando em cima da sua mulher e ela insinuando que você deveria "tomar providências"... sem falar no clássico rito de passagem do pai dar lança-perfume pro filhão de 16 anos, mas sempre advirto que isso não significa que ele vai levar numa boa quando achar uma ponta de baseado na mochila do mesmo filhão.
5- Carnaval BOM em cidade do interior. Olha, acho que ISSO é o que mais me irrita! Disparadamente! Porque alguém, em algum momento, sem o menor critério, decidiu que uma cidade do interior completamente desinteressante TEM UM CARNAVAL DO CARALHO! Seja Porangatu, Jaraguá, Diamantina, Puta Que Pariu do Passa Quatro ou Casa do Caralho d'Oeste, tem sempre um mito de que nesses lugares o carnaval é BOM DEMAIS! Por que? Tem mulher demais, dizem... ou então, a mulherada dá, meu Deus, já dizia o meu bróder-guru-xamã Benal: quer comer essa mulher? Dá cachaça pra ela, deixa ela bêbada! Sim, isso diz bastante sobre os nossos méritos e competências, mas é a mais pura verdade! Portanto, coloca uma mulherada junta, ouvindo música ruim numa cidade sem absolutamente NADA pra fazer, bebendo enlouquecidamente, o que elas vão fazer a não ser DAR? Porque também tem o lance de não poder voltar pra cidade de origem sem trepar, sem beber até o estado comatoso, sem dar um vexame, isso é o ESPÍRITO DE CARNAVAL? Beleza, vai aí que, como dizia Paulo Francis, mando o Detefon no meu lugar!
5.1 Bonus Track: Descobri recentemente que Votuporanga foi alçada pelas autoridades competentes a Cidade Completamente Desinteressante Onde o Carnaval É Bom. E isso meio que explica tudo... sim, tenho raízes Votuporanguenses, apesar de ter nascido em Rio Preto e na verdade, acho que ISSO explica muito sobre Votuporanga: minha vó morava lá, mas aparentemente nem pra fazer um parto servia e a pessoa precisava andar 80 Km pra dar a luz em Rio Preto. Foi lá que, com uns 6 anos, vi A CENA. Minha mãe com um micro-micro-micro vestido verde encarnando uma Sininho, em cima de uma Rural-Willys à guisa de carro alegórico, uma garrafa de Johnny Walker Red Label na mão e todo mundo à minha volta gritando GOS-TO-SA, GOS-TO-SA... Não, carnaval pra mim não rola!