segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O que falta...


O que falta...

Andei fazendo um curso na empresa em que eu trabalhava que não dá pra explicar direito, basta dizer que eles nem gostavam que a gente dissesse que não era um curso. Era o quê? Uma vivência, um processo, um compartilhamento de aprendizado, vomitou? Então vamos lá, nesse compartilhamento de aprendizado, eles disseram que o problema era olharmos o que falta, e não o que farta. Não, não se trata de uma piadinha, ou se trata, mas um joguinho de palavras, sendo faRta referente a fartura.

E aqui na Bahia, se tem algo que rola muito é fartura. Mas olha, muito MESMO! Só que tem as coisinhas mal planejadas, que poderiam ser melhores, ter um cuidado mais especial...

A logística das coisas é bem cretina e eu tento, juro que eu tento, fugir da obviedade de lembrar que o hotel faz parte de uma rede portuguesa. O lance das espreguiçadeiras, por exemplo. Acho que existe um horário massa pra você pegar uma espreguiçadeira num lugar legal, e deve ser entre 4 e 4 e meia da manhã. Tudo bem, em Roma como os romanos, mas aí eles colocam uma baita placa dizendo que é proibido reservar espreguiçadeiras... no caso, é aquele ato de chegar, colocar a toalhinha na dita cuja e voltar pro quarto, sabendo que o seu lugar tá reservado. Sem falar nas espreguiçadeiras na praia, um capítulo à parte. Odeio coisas que são proibidas! Odeio essa coisa Big Brother de I'm watching you só pra dar medinho! Proibido o caralho... ninguém fiscaliza a proibição, ninguém faz bosta nenhuma.

São poucos garçons, pouquíssimos. Tudo bem, eu entendo, mas então, permitam que eu me sirva. Não, eles fazem questão!!!! Tenho tomado muita água, pedi pra deixar uma jarra dágua na minha mesa, que ia embora fácil junto com o vinho branco honesto bem gelado, mas não pode. O garçom promete que vai me servir quantas vezes for preciso, mas desaparece... transgredi, claro, ia até o balcão e colocava água no meu copo, sue me!

O Kids é uma piada. De mau gosto. Existe, em teoria, uma divisão entre crianças de 4 a 7 anos e de 7 a 12. Na prática, fica tudo misturado e os dois monitores cedem às chantagens das crianças maiores, deixando os pequenos sem ter o que fazer. Ontem, estava previsto na folha de atividades um Caça ao Tesouro. Passei pelo Kids com o Duda e estavam umas crianças jogando totó, outras correndo pelo espaço e os monitores conversando. Hoje, ia rolar arborismo depois do "filminho", mas os monitores colocaram outro filminho e depois ficou tarde...

Falando em totó, não era para um resort nesse nível ter um com um "espeto" faltando!!! Ainda bem que o Duda ainda não entende e se diverte do mesmo jeito, senão, era bem capaz de eu ir fazer mãozinha de Odete Roitman...

E tem o restaurante. O Restaurante, aparentemente. Comida meditarrânea, menção em guias de viagens, tem que fazer reserva e só pode entrar de calça. Oi? Calça comprida? Sim. Bom, duas coisas: eu fui pra Bahia, um lugar onde um dos benefícios indiretos é não ter que colocar calça, ou mesmo "uma roupinha melhor pra festa". Odeio ter que colocar uma roupinha melhor pra festa, normalmente, a minha noção de diversão está intimamente ligada com o despojamento nos trajes. Segunda coisa: a Laura ia comer o meu cu com areia! "Custava ter trazido uma calça?", foi o que um cara me perguntou e eu imaginei que a Laura também perguntaria, com fúria, ódio e rancor inclusos, mas não é uma questão de vestuário, é uma questão de princípios! Quem esse restaurantezinho pensa que é pra falar que eu só posso entrar de calça? Mas a Laura achou uma falta de bom senso total esse negócio de só poder entrar de calça, bem como não avisarem na hora que compramos o pacote, ou seja, me safei e não fez falta, enfia o restaurante no cu!

Enfim, são detalhes mínimos e eu nem deveria ter escrito isso, pois eu me diverti e curti a Laura e o Duda como nunca! Valeu cada centavo, mesmo que a Paella estivesse escrita com "J" e era feita com macarrão ao invés de arroz, e que na cuba onde estava escrito "Tempurá de Camarão" só tinha vagem...

* Legenda da foto: Não gostou? Vai reclamar com o Bispo!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A Bahia tem um jeito...


Tinha uma semi-amiga da Laura que possuía o mórbido prazer de me irritar. Não me importo tanto assim, o problema é que ela era monotemática. O lance dela era ficar falando que a gente precisava passar um carnaval em Salvador, já sabendo tudo o que eu penso a respeito. Até aí, tudo bem, o problema era comigo. Eu reagia exatamente como ela queria que eu reagisse: argumentando. Argumentos razoáveis, óbvio: que é coisa de idiota, quem passa Carnaval em Salvador precisa cagar amarrado pra não comer a própria bosta e assim por diante. Debalde.

Até que um dia, eu agi sensatamente, falei que tudo bem. Que a gente iria, era só olhar o preço das coisas, que a gente ia. Pronto, acabou a conversa. Porque a pessoa em questão é o tipo de gente que acha aceitável pagar R$ 2.000,00 num abadá, enquanto eu preferiria viver num mundo sem nem saber o que é um abadá. Ou seja, Abadá x 2, mais avião e otras cositas más, a Laura já sacou que não valia tanto a pena assim. Que, com a mesma grana, daria pra fazer muitas viagens muito mais legais. Findo argumento.

E aí eu acabei angariando essa fama de não gostar de baianos, ou não gostar da Bahia. Fama injusta, diga-se de passagem. Eu não gosto do Carnaval de Salvador. Não gosto de Carnaval enquanto coisa, sendo o de Salvador o exemplo perfeito da desgraça. Detesto capoeira. Viro o Jack Nicholson do meio pro final de "O Iluminado" se eu ouço um berimbau. Acho essa merda de "axé music" uma das piores coisas do mundo, e o fato dessas coisas meio que estarem na Bahia é uma mera e infeliz coincidência. Eu gosto de lá. Não gosto de Salvador no sentido de... jamais pagarei para ir pra lá, entende? No meu conceito de férias, diversão e lazer, Salvador não entra. Mas e daí? É só uma cidade, também não pretendo passar minhas férias em Curitiba, Vitória, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Belém ou Porto Velho, mas parece que falar isso de Salvador "dá pobrema".

Sobre o sotaque, não é que eu não goste, eu só acho engraçado. Sério. Uma vez, a Lau me disse que o Caetano e o Gil cantam num inglês engraçado, e aí eu percebi que era coerente, pois pra mim, falavam um português igualmente engraçado. Algumas palavras, mais que as outras. O Caetano, em "Beleza Pura", por exemplo, quando fala "Fé-dé-ração", achei que era um lance rítmico/melódico, mas eles falam assim, com acento agudo forte e uma oitava acima nos "e". Quando alguém te explica ou pede alguma coisa, você diz: "beleza" ou "tudo bem", né? Eles dizem "Prooooooonto". Você pede para buscar algo rápido? "Pega a cueca do Duda pra mim, Laura, rápido?". Pra eles, é "ligêro". E o melhor de todos, pra mim, como eles falam CANALHA. É um CÃ bem pronunciado, quase do fundo da garganta, com uma pequena pausa, e o resto da palavra depois. "Fulano de tal é um CÃ (pequena pausa) nalha".

Sem falar que, Paul, George, Ringo e Paul que me perdoem, mas já faz uns 3 meses que ando achando "Acabou Chorare", dos Novos Baianos, o disco mais sensacional de todos os tempos.

E até hoje nada foi inventado que possa substituir o acarajé...