sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A Bahia tem um jeito...


Tinha uma semi-amiga da Laura que possuía o mórbido prazer de me irritar. Não me importo tanto assim, o problema é que ela era monotemática. O lance dela era ficar falando que a gente precisava passar um carnaval em Salvador, já sabendo tudo o que eu penso a respeito. Até aí, tudo bem, o problema era comigo. Eu reagia exatamente como ela queria que eu reagisse: argumentando. Argumentos razoáveis, óbvio: que é coisa de idiota, quem passa Carnaval em Salvador precisa cagar amarrado pra não comer a própria bosta e assim por diante. Debalde.

Até que um dia, eu agi sensatamente, falei que tudo bem. Que a gente iria, era só olhar o preço das coisas, que a gente ia. Pronto, acabou a conversa. Porque a pessoa em questão é o tipo de gente que acha aceitável pagar R$ 2.000,00 num abadá, enquanto eu preferiria viver num mundo sem nem saber o que é um abadá. Ou seja, Abadá x 2, mais avião e otras cositas más, a Laura já sacou que não valia tanto a pena assim. Que, com a mesma grana, daria pra fazer muitas viagens muito mais legais. Findo argumento.

E aí eu acabei angariando essa fama de não gostar de baianos, ou não gostar da Bahia. Fama injusta, diga-se de passagem. Eu não gosto do Carnaval de Salvador. Não gosto de Carnaval enquanto coisa, sendo o de Salvador o exemplo perfeito da desgraça. Detesto capoeira. Viro o Jack Nicholson do meio pro final de "O Iluminado" se eu ouço um berimbau. Acho essa merda de "axé music" uma das piores coisas do mundo, e o fato dessas coisas meio que estarem na Bahia é uma mera e infeliz coincidência. Eu gosto de lá. Não gosto de Salvador no sentido de... jamais pagarei para ir pra lá, entende? No meu conceito de férias, diversão e lazer, Salvador não entra. Mas e daí? É só uma cidade, também não pretendo passar minhas férias em Curitiba, Vitória, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Belém ou Porto Velho, mas parece que falar isso de Salvador "dá pobrema".

Sobre o sotaque, não é que eu não goste, eu só acho engraçado. Sério. Uma vez, a Lau me disse que o Caetano e o Gil cantam num inglês engraçado, e aí eu percebi que era coerente, pois pra mim, falavam um português igualmente engraçado. Algumas palavras, mais que as outras. O Caetano, em "Beleza Pura", por exemplo, quando fala "Fé-dé-ração", achei que era um lance rítmico/melódico, mas eles falam assim, com acento agudo forte e uma oitava acima nos "e". Quando alguém te explica ou pede alguma coisa, você diz: "beleza" ou "tudo bem", né? Eles dizem "Prooooooonto". Você pede para buscar algo rápido? "Pega a cueca do Duda pra mim, Laura, rápido?". Pra eles, é "ligêro". E o melhor de todos, pra mim, como eles falam CANALHA. É um CÃ bem pronunciado, quase do fundo da garganta, com uma pequena pausa, e o resto da palavra depois. "Fulano de tal é um CÃ (pequena pausa) nalha".

Sem falar que, Paul, George, Ringo e Paul que me perdoem, mas já faz uns 3 meses que ando achando "Acabou Chorare", dos Novos Baianos, o disco mais sensacional de todos os tempos.

E até hoje nada foi inventado que possa substituir o acarajé...

2 comentários:

Thiago Dias disse...

Novos Baianos é sacanagem.

Tio Randas disse...

É sensacional, Chewbacca!!! E tem que ver o Duda cantando Brasil Pandeiro e Preta, Pretinha, ele adora! Cara, a gente tem que combinar com o seu pai uma ida dessas pra Bahia, nesse esquema!