quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Chorinho do Patrão

Na minha pequena experiência como EMPREGADOR, me caracterizei por ser rigoroso com oS horárioS. No plural, ou seja, de entrada e saída. Porque virou moda isso de querer que seu empregado trabalhe mais do que o combinado. E sem receber nada a mais por isso. Dão até nome pra isso, uns chamam de COMPROMETIMENTO, outros de DEDICAÇÃO, bullshit!

O nome disso é TRAPAÇA. Me sentiria igualmente irritado se, ao final do mês, tendo trabalhado as 220 horas regulamentares, minha empregada pedisse para eu pagá-la mais do que o combinado. Em poucas, esporádicas, excepcionais e justificadas ocasiões, precisei que ela trabalhasse um pouco além do combinado, mas foi devidamente remunerada pra isso, depois de ter sido consultada se poderia ficar além do tempo.

Porque é assim que funciona! Ninguém é dono de ninguém, a escravidão acabou e não é o fato de alguém te pagar pelo seu trabalho que pode ser dono da sua vida! Do seu happy hour de sexta feira, do seu sábado de feijoada, do direito de dormir sem ter hora pra acabar no domingo, tudo isso tem um preço, e quando a gente deixa de ter direito a isso, estamos simplesmente sendo roubados. Aliás, eu tenho certeza que jamais seria um "bom patrão", porque sei bem o valor da "vida lá fora", não tenho e não terei, nunca, a ilusão de que o trabalho pode ser mais prazeroso que um episódio de Shit My Dad Says ou de umas risadas na mesa de boteco falando sobre enfiar o pinto no suvaco de alguém. Eu consigo entender perfeitamente alguém que prefere fazer bosta nenhuma em casa ao invés de trabalhar, e olha que eu já trabalhei em alguns lugares verdadeiramente incríveis!

O certo é assim: eu trabalho OITO HORAS por dia, você me paga o que tá escrito no hollerith. Se precisar que eu fique mais, pergunte antes se eu posso, e a gente combina. Fora isso, todo esse seu papinho aí me lembra bêbado em bar pedindo uma dose de conhaque pro garçom e depois de servido, pergunta pelo "chorinho". Não tem chorinho, tem respeito à sua dose, quer beber mais? Compre outra dose, ou seja, contrate mais gente. Que o meu sangue você não vai beber não, é envelhecido 38 anos, vale ouro!

terça-feira, 7 de junho de 2011

E agora, José?!

Foi assunto de um almoço com o pessoal da empresa esses dias uma coisa meio: eu quero estar aqui, mas eu também não quero, mas eu também quero um monte de coisas ao mesmo tempo que eu não sei o que eu quero. Sabe? Não? Mas é isso.

A grama do vizinho é mesmo mais verde que a nossa. Não, não me venha com esse papo de dar valor para o que se tem, pois isso eu já sei e já dou. Sou muito grata a tudo que tenho, todos que tenho e tudo que fiz. Sem dúvida alguma, posso dizer que além de uma certa competência, tenho uma sorte (toc, toc, toc) danada, pois até mesmo as coisas ruins da minha curta vida aconteceram em prol de alguma outra coisa boa.

Mas acontece que nunca é "só isso". Esse negócio de possibilidades enlouquece a gente, eu acho. Ver tanta gente, fazendo tantas coisas. Mesmo sabendo que elas também devem olhar para você de vez em quando e pensar a mesma coisa.

Afinal, eu poderia estar aqui e feliz, como de fato estou. Mas eu também poderia largar tudo e ir abrir uma pousada em Itacaré, ou ir trabalhar num bar em Londres, ou me enfiar num navio em Cozumel, ou estudar moda em Nova York, ou comprar um apartamento em Puerto Madero, ou só trocar o colchão e reformar meu quarto. Porque eu sinto mesmo vontade de fazer tudo isso, mas eu ainda não tive a sorte de ganhar na loteria, afinal só assim eu poderia fazer tudo com um grau mínimo de conforto, sem precisar me preocupar em "construir" nada!

E ao mesmo tempo, eu não sei se eu queria mesmo... Itacaré pode ser quente demais, eu posso enjoar no navio, ou achar os ingleses sem graça demais, e de repente não conseguir conviver com a correria de NY ou o atendimento ruim dos argentinos sem educação. Vai ver aqui é melhor mesmo, mas aí... como é que eu vou saber?

O que parece na verdade, é que fizeram a vida curta demais, para o tanto de possibilidades que ela tem. Definitivamente, não dá tempo de fazer tudo. E ó... vou dizer que escolher não anda nada fácil!