O nome disso é TRAPAÇA. Me sentiria igualmente irritado se, ao final do mês, tendo trabalhado as 220 horas regulamentares, minha empregada pedisse para eu pagá-la mais do que o combinado. Em poucas, esporádicas, excepcionais e justificadas ocasiões, precisei que ela trabalhasse um pouco além do combinado, mas foi devidamente remunerada pra isso, depois de ter sido consultada se poderia ficar além do tempo.
Porque é assim que funciona! Ninguém é dono de ninguém, a escravidão acabou e não é o fato de alguém te pagar pelo seu trabalho que pode ser dono da sua vida! Do seu happy hour de sexta feira, do seu sábado de feijoada, do direito de dormir sem ter hora pra acabar no domingo, tudo isso tem um preço, e quando a gente deixa de ter direito a isso, estamos simplesmente sendo roubados. Aliás, eu tenho certeza que jamais seria um "bom patrão", porque sei bem o valor da "vida lá fora", não tenho e não terei, nunca, a ilusão de que o trabalho pode ser mais prazeroso que um episódio de Shit My Dad Says ou de umas risadas na mesa de boteco falando sobre enfiar o pinto no suvaco de alguém. Eu consigo entender perfeitamente alguém que prefere fazer bosta nenhuma em casa ao invés de trabalhar, e olha que eu já trabalhei em alguns lugares verdadeiramente incríveis!
O certo é assim: eu trabalho OITO HORAS por dia, você me paga o que tá escrito no hollerith. Se precisar que eu fique mais, pergunte antes se eu posso, e a gente combina. Fora isso, todo esse seu papinho aí me lembra bêbado em bar pedindo uma dose de conhaque pro garçom e depois de servido, pergunta pelo "chorinho". Não tem chorinho, tem respeito à sua dose, quer beber mais? Compre outra dose, ou seja, contrate mais gente. Que o meu sangue você não vai beber não, é envelhecido 38 anos, vale ouro!